Casas de câmbio estão às moscas, e número de operadores é cada vez menor. Contexto económico, medidas impostas pelo BNA e aumento da utilização de cartões internacionais enfraquecem actividade. Em 2022, atingiu o valor mais baixo nas operações de compra e venda de moeda estrangeira.
A falta de divisas está na base para o encerramento de 95 casas de câmbio em todo o País desde 2017, quando 121 tinham licenças concedidas pelo Banco Nacional de Angola (BNA). Hoje, depois de uma “longa travessia no deserto” de uma economia com sucessivas crises e escassez de divisas restam apenas 26.
Antes da reforma cambial verificada em 2018, quando se passou de uma taxa de câmbio fixa para flexível, nas ruas da capital do País eram praticamente visíveis casas de câmbio a cada esquina, à semelhança do que acontecia com as kinguilas. Hoje já não é bem assim.
E se até há poucos meses ainda iam fazendo alguns negócios pontuais, a recente desvalorização do Kwanza em quase 40% face ao dólar (entre Maio e Junho) evidenciou uma forte quebra de oferta de divisas no mercado cambial, o que acabou por agravar ainda mais as dificuldades das casas de câmbio.
Numa ronda do Expansão pela cidade de Luanda a oito casas de câmbio, fica perceptível que todas têm em comum o facto de estarem vazias, sem pessoas a entrar para negociar divisas. Não estão disponíveis os serviços de compra e venda de divisas e nem de remessas de valores com excepção de uma com disponibilidade para recebimentos do exterior.
Por definição, as casas de câmbio são instituições financeiras não bancárias que têm como actividade principal a realização do comércio de compra e venda de moeda estrangeira, actividade essa que se vêem impedidas de fazer já que não há divisas para comprar nem vender.
Nos últimos quatro anos, de acordo com relatórios e contas do Banco Nacional de Angola (BNA), as casas de câmbio têm vindo a registar decréscimos sucessivos nas operações de compra e venda de moeda estrangeira. Em 2022, atingiu o valor mais baixo dos últimos anos.
Ainda no ano passado, o volume de compras de moeda estrangeira efectuado pelas casas de câmbio atingiu o montante equivalente a 5,2 milhões USD, representando um decréscimo de 51% em termos homólogos. Quanto às vendas, registaram um montante de quase 4,8 milhões USD, o que representa uma redução de 14% em relação a 2022.
Para o presidente da Associação das Casas de Câmbio, Hamilton Macedo, a principal “culpada” é a escassez de divisas no mercado. “Esperamos uma melhoria do mercado para não termos momentos de estrangulação. É uma situação pontual que pode sim levar à falência algumas operadoras por serem instituições com monoprodutos. E toda a carência de produto pode gerar falências já que não viemos de dias muito bons”, sublinha…
Epansão