O Presidente João Lourenço enfrenta as tarefas hercúleas de consertar a economia de Angola e conquistar a sua juventude desiludida ao entrar no seu segundo mandato com um apoio dizimado, dizem analistas à AFP.
O MPLA que está no poder há quase meio século, ganhou 51,17 por cento dos votos nas eleições de 24 de Agosto para a Assembleia Nacional.
Estes foram os piores resultados do MPLA desde a primeira eleição democrática em 1992, em 2017 recolheu 61% dos votos. Esta queda, escreve a AFP, vai aumentar a pressão sobre Lourenço para que este cumpra com as reformas económicas e revigorará a oposição, segundo Augusto Santana, da Fundação Sem Fins Lucrativos para a Democracia.
Ele poderá enfrentar possíveis protestos e dissidências dentro do MPLA. O país acabou por sair de uma quebra de cinco anos em 2021, mas as reformas não se traduziram em melhores condições de vida para a maioria dos angolanos. disse Santana à AFP
O analista Justin Pearce disse que devido à crise económica, o governo de Lourenço não tinha até agora “sido capaz de responder às exigências imediatas dos pobres da sociedade”. Agora, espera-se que o Presidente venha a proporcionar uma diversificação económica há muito prometida, longe do petróleo.
O principal partido da oposição, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), ganhou 43,95 por cento dos votos, contra 26,67 por cento em 2017, ganhando também a capital, Luanda. A crise económica agravada pela pandemia do coronavírus e por uma seca, sacrificou a maioria das pessoas, empurrando-as para os braços da oposição.
Na terça-feira, um grande número de espectadores furiosos assaltou uma comitiva de apoiantes do MPLA a celebrar a vitória em Luanda – algo impensável apenas há alguns anos atrás, disse Santana.
“Haverá mais protestos, porque desta vez as pessoas pensam que não há mais nada que o MPLA ainda possa fazer, que o MPLA deveria simplesmente ir e deixar espaço para os outros tentarem”, disse ele.
A UNITA contrá com um maior número de deputados, o que dará à oposição mais influência no parlamento. Poderão também obter mais ganhos nas eleições locais a realizar nos próximos dois anos.
Como este poderá ser o último mandato de Lourenço, acrescentou Santana, ele também terá de lidar com a crescente oposição interna, uma vez que os quadros do partido que o substituem provavelmente se tornarão mais vocais nas suas críticas à sua liderança.
VOA