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Líbia: População incendiou casa do presidente da Câmara

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A casa do presidente da Câmara da cidade líbia de Derna foi incendiada por dezenas de cidadãos, durante protestos contra a gestão por parte das autoridades locais das inundações no Nordeste do país, que causaram milhares de mortes.

Abdulmenam Al Gaizi, até agora autarca, foi suspenso há poucos dias pelo Governo de Benghazi (Leste), enquanto se aguarda a conclusão de uma investigação judicial sobre o desastre ocorrido nesta localidade, noticiou ontem a agência Efe.

Milhares de cidadãos de Derna reuniram-se na Praça dos Mártires, no Centro, e pediram a destituição do presidente do Parlamento, Aquila Salah, que acusam de dificultar o processo de unificação do país após doze anos de conflito.

A divisão política tem complicado ainda mais os esforços de resgate e reconstrução neste país de sete milhões de habitantes, imerso em mais de uma década de conflito desde que a revolta da Primavera Árabe, apoiada pela OTAN, derrubou e assassinou Presidente Muammar Kadhafi, em 2011.

Duas autoridades opostas dividem o poder executivo: o Governo de Unidade Nacional (GNU) e o Governo de Benghazi, eleito pelo Parlamento e sob o controlo de Haftar, liderado por Osama Hammad. Segundo os críticos, a Câmara dos Representantes, localizada em Tobruk, só se reuniu três dias depois das inundações terem devastado o Nordeste do país no último domingo, especialmente Derna, onde duas barragens ruíram, libertando 33 milhões de litros de água durante a madrugada e arrastando áreas residenciais inteiras, pontes e estradas para o mar.

A tensão nesta cidade costeira, que tinha 120 mil habitantes, ocorreu horas depois de as Nações Unidas terem revisto drasticamente em baixa o número de vítimas do ciclone, de 11.300 para 4 mil. Já o líder interino do conselho municipal de Derna, Ahmed Amdrud, anunciou ontem  três medidas para fazer face à situação: a reconstrução da cidade por empresas estrangeiras especializadas, a contratação de consultores para determinar a viabilidade das barragens e a oferta de um subsídio habitacional às vítimas.

Os resultados preliminares da investigação aberta quinta-feira passada pelo Ministério Público sobre o colapso das barragens apontam falhas humanas após o aparecimento das primeiras fissuras em 1999 e a falta de manutenção durante décadas, sendo que segundo a ONU caso tivesse sido evitado o desastre o número de vítimas seria drasticamente inferior.

A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia alertou ontem para um surto de doenças no país, que poderá criar “uma segunda crise devastadora”, havendo já relatos de propagação de diarreia.

A coordenadora humanitária da ONU para a Líbia, Georgette Gagnon, adiantou ontem que pelo menos 300 mil menores foram afectados pelas inundações no Nordeste do país, realçando que a prioridade é reabrir as escolas. Gagnon explicou que uma das maiores prioridades da agência actualmente é reabrir as escolas para que as crianças possam regressar a uma vida normal.

Infra-estrutura usadas como abrigos

No entanto, muitas destas infra-estruturas estão a ser usadas como abrigos para famílias deslocadas, que devem primeiro encontrar alojamento, frisou. A coordenadora, que se deslocou recentemente a Derna, sublinhou, em conferência de imprensa citada pela Efe, que o que se viu na cidade foi “pouco compreensível”.

“Havia partes da cidade que estavam quase irreconhecíveis e essas áreas estavam agora completamente vazias”, apontou Gagnon.

Sobre o número de mortos, as autoridades líbias, estimam o número de mortos em cerca de 11 mil pessoas e os desaparecidos em 10.000.

Gagnon lembrou o apelo da ONU à comunidade internacional para doar 71,4 milhões de dólares para ajudar na reconstrução e nos esforços de resgate, embora tenha alertado que há cada vez menos probabilidades de encontrar pessoas vivas nos escombros.

Entretanto, as autoridades do Leste da Líbia pediram ontem aos jornalistas para saírem da cidade de Derna, atingida pelas trágicas inundações que mataram milhares de pessoas, para não “prejudicarem” o trabalho das equipas de resgate. O pedido foi feito pelo ministro da Aviação Civil do Leste do país à Reuters, um dia depois de manifestantes “furiosos” com a “negligência” dos governantes da Líbia terem incendiado a casa do autarca de Derna, entretanto suspenso do cargo.

De acordo com Hichem Chkiouat, a medida não está relacionada com os protestos, “é uma tentativa de criar melhores condições para que as equipas de resgate possam realizar o trabalho de forma mais harmoniosa e eficaz”, uma vez que “o grande número de jornalistas se tornou um impedimento ao trabalho das equipas de resgate”.

ANGOP

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