O sector segurador mantém a sua tendência de crescimento, desde os prémios até aos resultados líquidos, mas perspectiva-se que este momento de “glória” pode ser interrompido devido à actual situação económica. Além das vendas, os rendimentos de investimentos tiveram grande expressão.
Os lucros do agregado de 21 seguradoras que operam no mercado nacional cresceram 8% para 20.068 milhões Kz face aos 18.655 milhões registados em 2021, de acordo com cálculos do Expansão com base em dados da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) sobre o sector no ano passado.
Apesar dos ganhos com vendas, os rendimentos de investimentos foram os que mais contribuíram para o crescimento dos lucros das seguradoras em 2022, já que estes rendimentos cresceram 92% ao passar de 8.317 milhões Kz em 2021 para 15.987 milhões Kz no ano passado.
Dentro da carteira de investimentos, os títulos de rendimentos fixos (títulos de dívida pública) continuam a dominar o interesse das seguradoras e têm um peso de 26% do total da carteira, seguidos de depósitos a prazo com 23%, títulos de rendimento variável, com 21%, e Imóveis, que teve uma descida acentuada mas ainda representa 20% e disponibilidades com 10%.
Para Cristina Nascimento, administradora executiva da Nossa Seguros, o mercado está hoje mais activo no mercado de capitais pois este tipo de investimento permite maior retorno. “Pode ser também uma estratégia das companhias estarem um pouco mais activas na questão dos investimentos, porque reconhecem que é uma fonte de rendimento e contribuição significativa para o resultado”, sublinha.
Em termos de ranking por resultado líquido do ano, o top 5 é constituído por Nossa Seguros com 6.840 milhões Kz, seguido da Ensa com 5.312 milhões Kz, Tranquilidade Angola com 2.789 milhões Kz, Sol seguros com 2.350 milhões Kz e a Fidelidade Angola com 1.768 milhões Kz.
Quanto à quota de mercado, a Ensa lidera com 30,19%, seguido da Nossa Seguros com 14,17%, Fidelidade Angola com 11,77%, Sanlam com 10,49% e a Mundial fecha este ranking com 6,13%.
Em termos de prémios brutos emitidos, o mercado cresceu 12,5% para 312.744 milhões Kz face aos 278.032 milhões Kz registados em 2021. Um aumento de 34.712 milhões Kz (ver gráfico).
O ramo doenças manteve o seu domínio, sendo o ramo de maior expressão em relação à produção do mercado, representando cerca de 39% dos prémios totais, “porque nos últimos anos tem-se constituído como instrumento de política de permanência de quadros e benefício concedido em favor da classe empregadora, já que boa parte é subscrito por empresas”, refere fonte da ARSEG.
O ramo automóvel ao longo dos três últimos anos tem vindo a registar uma tendência crescente, passando de 8,75%, em 2020, para 9,37%, em 2022.
Destaque também para o ramo Vida, que cresceu 223% para 25.337 milhões Kz em 2022. O resultado neste ramo foi influenciado pela Mundial Seguros, na qual o BPC é o maior acionista, que deu um salto enorme, passando de 13ª maior operadora do mercado em 2021 para 5ª maior no final de 2022 só neste ramo.
Esta seguradora que faz parte do universo BPC inseriu o seguro de vida nos créditos concedidos pelo banco às famílias, sendo um requisito a cumprir por parte do solicitante.
Quanto às indemnizações, estas registaram uma diminuição de 6% para 102.723 milhões Kz. Se olharmos para o ramo com maior sinistro, vamos perceber que é o ramo doença, com 74% do total de indemnizações pagas, embora seja a mesma também que, em termos de prémios, representa cerca de 39% da carteira.
A taxa de sinistralidade global tem observado uma redução ao longo dos últimos anos, e no ano transacto andou à volta de 32%.
Os operadores do mercado entendem que um sector com menos sinistralidade é bom para atrair investidores, motivando assim a entrada de novas companhias de seguros no mercado.
No que diz respeito à perspectiva do mercado para os próximos anos, os operadores não acreditam num crescimento robusto, porque os resultados do sector estão muito dependentes da economia e, portanto, a manter-se esse cenário adverso, em termos económicos, numa fase de forte desvalorização do Kwanza e de alta de inflação, obviamente que o sector verá esse impacto nos seus resultados.
Expansão