As transações na BODIVA voltam a crescer, já valem mais de 3 mil milhões USD e pelo segundo ano consecutivo os títulos de dívida pública não indexados (OT-NR) são o activo mais procurado. A valorização do Kz continua a afastar os bancos das obrigações indexadas ao USD (OT-TX).

As vendas de acções na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) em 2022 representaram apenas 1,56% dos mais de 1,564 biliões Kz transaccionados no mercado secundário da Bolsa de Valores, que é onde os investidores compram e vendem activos entre si, de acordo com cálculos do Expansão.

No final do ano em que nasce o mercado de acções em Angola e após seis meses de operação ininterrupta do mercado de acções, o Expansão faz uma radiografia aos mercados BODIVA e verificou que o mercado de acções, que lá fora é normalmente o principal mercado das bolsas de valores, em Angola ainda não tem expressão e o volume de transacções equivale a pouco mais de 24,4 mil milhões Kz, o equivalente a 49 milhões USD.

De acordo com especialistas, a culpa é do baixíssimo volume de investidores nacionais na Bolsa de Valores, da ausência dos grandes investidores institucionais estrangeiros e do baixo grau de educação e literacia financeira que não permitem ao mercado de bolsa de acções crescer.

Após mais de oito anos de espera, finalmente em Junho do ano passado com a chegada das acções do BAI à BODIVA inaugurou-se o tão aguardado mercado no País, com a promessa de se tornar numa alternativa de financiamento ao crédito bancário para as empresas angolanas e para os investidores nacionais e estrangeiros, uma fonte alternativa de rentabilização e multiplicação do dinheiro.

O fraco nível de transacções no mercado de acções dá-lhe uma reduzida liquidez, ou seja, onde o investidor tem sérias dificuldades em transformar as suas acções em dinheiro em caso de necessidade de se desfazer do seu portefólio para investir noutros mercados. Este é um dos factores que afasta alguns fundos de investimento já que parte destes investidores está interessado em trading, ou seja, circular o seu dinheiro de mercado em mercado tirando o maior lucro possível.

A situação actual torna o mercado atraente para investidores interessados numa estratégia de investimentos de buy and hold, que consiste em comprar o activo e guardar à espera que com o tempo o activo valorize, beneficiando neste prazo dos dividendos.

Os investidores interessados em fazer trading, ou seja, comprar e vender no curto prazo para ganhar dinheiro com as valorizações das acções em dias, semanas ou meses, sentem-se pouco atraídos por estes mercados com poucas transacções e baixa liquidez. Especialistas explicam que existe uma grande margem para crescimento do mercado de acções em Angola na medida em que apenas existem acções de duas empresas cotadas em bolsa, e ainda faltam três para a abertura do Luanda Stock Index, nome que poderá ser atribuído ao principal índice da BODIVA.

Mais cinco empresas na Bolsa até 2025

Quanto maior for o número de empresas e de investidores, maior será a possibilidade de atracção de grandes volumes de capital, mas apenas cinco empresas dos sectores do petróleo e gás, banca e telecomunicações, confirmam a sua disponibilidade e interesse em financiar-se por via da Bolsa de Valores.

O destaque recai para a Sociedade Petrolífera Angolana S.A. (Somoil), que segundo confirmou o seu CEO em entrevista ao Expansão, pretende listar-se em Bolsa já em 2024. A empresa foi notícia esta semana por comprar as participações da Galp em activos de exploração e produção de petróleo (ver página 32), e é a maior empresa privada angolana a investir no sector e a única nacional, a par da estatal Sonangol, a operar blocos petrolíferos. Ainda dos petróleos aguarda-se pela entrada em Bolsa das acções da ACREP, que tinha o seu IPO previsto para finais do ano passado e que tem um curso o seu processo de preparação para entrada no mercado bolsista entre este e o próximo ano.

Ainda do sector privado, mas sem data, fala-se na entrada em bolsa das acções do Banco Atlântico. Do lado das empresas com capitais públicos aguardam-se as Ofertas Públicas Iniciais das acções do Estado na Sonangalp e na TV Cabo para este ano. Recordar que estavam previstas para estar já em Bolsa mas foram adiadas as IPO “s da Sonangol, principal e maior empresa do País e da ENSA, a maior seguradora de Angola.

Expansão