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líder líbio Muammar Kadhafi foi deposto e posteriormente assassinado na revolução de 2011, mas vários membros de sua família sobreviveram.
Uma década depois, o que aconteceu com os membros deste clã?
Três dos sete filhos de Kadhafi foram mortos durante a revolta, incluindo Mutasim, que foi assassinado por rebeldes no mesmo dia que o seu pai, na cidade de Sirte, a 20 de outubro de 2011.
Seif al Arab, outro filho de Kadhafi, foi morto num ataque aéreo da OTAN em Abril de 2011. E quatro meses depois, Jamis Kadhafi, igualmente filho, morreu em combate no calor da revolta.
Contudo, outros membros do clã sobreviveram, incluindo a esposa de Kadhafi, Safiya, o filho mais velho, do primeiro casamento de Kadhafi, Mohamed e a filha Aisha, que até aos dias de hoje vive no exílio.
No entanto, um grupo armado líbio afirmou neste sábado (10) ter libertado Saif al-Islam de 44 anos de idade, o filho mais velho e mais conhecido do ex-ditador líbio Muammar Kadhafi, em um comunicado publicado em sua página no Facebook e confirmado pela rede saudita al-Arabiya.
O filho de Kadhafi está sujeito a um mandado de prisão internacional por crimes contra a humanidade, relativo às atrocidades cometidas liderando as forças do governo durante os oito meses da rebelião contra o ex-ditador líbio, em 2011.
Entretanto, seja o governo líbio situado em Trípoli que aquele de Tobruk rejeitaram entregá-lo à Corte Penal Internacional de Haia, reivindicando o direito de processá-lo.
A FAMÍLIA
Após a queda de Trípoli para os rebeldes em Agosto de 2011, Safiya Mohamed e Aisha fugiram para a vizinha Argélia.
O sultanato de Omã concedeu-lhes asilo com a condição de que não se envolvessem em actividades políticas, disse o então ministro das Relações Exteriores, Mohamed Abdelaziz, à AFP em 2013.
Aisha, advogada de profissão e ex embaixadora da boa vontade das Nações Unidas, integrou a equipa de defesa internacional de Saddam Hussein depois que o líder iraquiano foi deposto em 2003, após a invasão dos Estados Unidos.
Por seu turno, o filho Hanibal também refugiou-se na Argélia após a revolta, antes de tentar entrar clandestinamente no Líbano para se juntar a sua esposa, a modelo libanesa Aline Skaf.
Mas as autoridades libanesas o prenderam e o acusaram em 2015 de ocultar informações sobre o proeminente clérigo xiita Musa Sadr, que desapareceu em 1978 durante uma visita à Líbia.
Hanibal e sua esposa estiveram envolvidos em um incidente diplomático com a Suíça em 2008, quando foram presos em um hotel de luxo em Genebra por agredir duas ex-empregadas domésticas.
O filho Saadi Kadhafi – que se tornou jogador de futebol profissional na Itália – fugiu para o Níger depois da revolta, mas foi extraditado para a Líbia, onde era procurado por assassinato e repressão. Está actualmente na prisão em Trípoli, acusado de crimes contra manifestantes em 2011 e do assassinato em 2005 do jogador de futebol líbio Bashir al Rayani.
Suposto herdeiro
Seif al Islam, cujo nome significa “espada do Islã”, foi detido por uma milícia líbia em novembro de 2011, poucos dias após a morte de seu pai.
Quatro anos depois, um tribunal de Trípoli o condenou à morte à revelia por crimes cometidos durante a revolta.
O grupo armado que o capturou anunciou em 2017 que Seif al Islam havia sido libertado. Essa informação nunca foi confirmada de forma independente e, em 2019, o promotor do TPI garantiu que, de acordo com informações “confiáveis”, ele estaria em Zintan, oeste da Líbia.
Mas desde que ele apareceu em um vídeo em junho de 2014 durante seu julgamento em um tribunal de Trípoli, ele não foi ouvido novamente.
Clã e tribo
Durante os seus dias de glória, Kadhafi considerou-se o “Líder da Revolução” e declarou a Líbia como “Jamahiriya”, ou “Estado de massas” liderado por comitês locais.
Milhares de seguidores, incluindo sua tribo Qadhadhfa, fugiram da Líbia após a queda do regime, e muitos estabeleceram-se no Egito e na Tunísia.
“Ao contrário da crença popular, a tribo Qadhadhfa sofreu sob o regime de Kadhafi e vários membros que se opuseram a ele acabaram na prisão”, disse o professor de direito líbio Amani al Hejrissi.
O clã também é formado por membros da guarda revolucionária de Kadhafi – uma força paramilitar encarregada de protegê-lo – embora não sejam necessariamente parentes.
Um grupo com base no Cairo reactivou a rede de televisão Al Jamahiriya, o braço de propaganda de Kadhafi.
Hejrissi não acredita que os apoiantes exilados de Kadhafi desempenhem qualquer papel no país agora dividido.
“A maioria dos líbios considera o regime derrotado a raiz da corrupção e da destruição do sistema político.”