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Peso do Comércio no PIB nacional volta a superar petróleo

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Seis anos depois o comércio voltou a ser a actividade que mais contribuiu para o Produto Interno Bruto, deixando para atrás a extracção e refinação de petróleo que tem sido o motor da economia nacional. Desde 2014 apenas em três trimestres o PIB nominal não foi liderado pelo petróleo, que enfrenta um período de declínio.

O comércio foi o sector que mais contribuiu para a Produto Interno Bruto (PIB) no I trimestre deste ano, destronado o petróleo que tem sido o principal motor da economia angolana ao longo da história, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística sobre as Contas Nacionais Trimestrais.

Entre Janeiro e Março de 2023, o comércio valia 27,7%, do PIB angolano, mais 5,3 pontos percentuais que a actividade de extracção e refinação de petróleo, que neste período teve uma queda homóloga de 8%, devido à quebra de produção em alguns poços. Desde o III trimestre de 2022 que o peso do petróleo tem vindo a reduzir, contrariamente ao comércio que foi crescendo neste período.

Só para se ter uma ideia, Angola produziu menos 6,9 milhões de barris no I trimestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, representando uma queda de 6,7%. Contas feitas, a produção diária passou de 1.146.053 barris para 1.069.777 barris, ou seja, menos 76.276 barris diários.

Os números da produção diária no I trimestre deste ano estão longe da média de produção inscrita pelo Governo no OGE 2023, que aponta a 1.180.000, o que significa que no I trimestre foram produzidos menos 110.223 barris face ao que está previsto no orçamento.

Esta foi apenas a terceira vez, desde 2014, que o comércio ultrapassa o petróleo no PIB angolano. A primeira vez aconteceu no I trimestre de 2016 onde atingiu 20,9%, contra os 18,1% da actividade de extracção e refinação de petróleo. O ano de 2016 acabou por dar início à primeira de cinco recessões económicas consecutivas, com o PIB a encolher 2,6% face a 2015. Já a segunda vez que o comércio superou o petróleo aconteceu um ano depois, ou seja, no I trimestre de 2017, com o peso do comércio a atingir os 22,8%, com a actividade de extracção e refinação de petróleo a ficar-se pelos 21,4%.

Apesar de ser apenas a terceira vez que o comércio superou o petróleo, tendência que até deverá ser contrariada no II trimestre devido à previsível quebra no consumo devido à desvalorização cambial e ao aumento dos preços da gasolina, o que é certo é que o comércio tem vindo a ganhar cada vez mais peso no PIB. E o crescimento mais recente deve- -se, segundo especialistas, ao facto de a população não parar de crescer e de o País estar não só a produzir mais mas também a formalizar mais a actividade do comércio de bens e serviços, que é também dos principais focos de emprego em Angola.

No entanto, o facto de a taxa de informalidade da economia ser elevada faz com que seja urgente, segundo o economista Nelson Miguel, avançar com a formalização. “Devido ao peso que o comércio vai tendo no PIB é necessário que seja cada vez mais formalizado. Mas mais que formalizar é inverter a dependência, do comércio, sobre a importação de produtos. O comércio deve ter como base a produção interna para que não se gastem tantas divisas que o País precisa”, justificou.

Para este especialista em mercados, o ideal seria a composição do PIB ter participações equilibradas dos vários sectores da actividade económica, ao invés de ser suportado por dois ou três segmentos. “O ideal seria que outros sectores também crescessem e deixássemos de ter o PIB suportado pelo petróleo e comércio. Isto daria sustentabilidade à nossa economia e assim deixaríamos de andar ao ritmo de choques externos”, sublinhou.

E como o comércio tem sido também animado pelo aumento da população, que apesar das dificuldades que enfrenta tem necessidades de consumo, a sua participação no PIB ainda tem margem de crescimento, defende a docente universitária Teodora Baptista.

“Esta alteração é uma boa amostra do aumento do consumo devido ao crescimento da população. O ideal seria que fosse suportado por produtos nossos, o que não é de certeza, já que continuamos a importar quase tudo que consumimos, desde alimentar e outros”, disse.

Já o analista de questões financeiras Pedro Bernardo entende que a liderança do comércio na composição do Produto Interno Bruto no I trimestre deste ano é “mais por demérito” da actividade de extracção e refinação de petróleo, que tem registado reduções contínuas na sua produção. “O petróleo só foi ultrapassado pelo comércio porque a sua produção tem vindo a reduzir. E enquanto isso não se alterar vamos ter o comércio colado ao petróleo, independentemente desta actividade ter um elevado grau de informalidade”, defendeu.

Pedro Bernardo defende também que é preciso melhorar os níveis participativos de outras actividades no Produto Interno Bruto. “Temos que ter um PIB equilibrado entre os sectores para que o País cresça de forma sustentável”, referiu.

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