O petróleo deixou de ser usado como garantia dos empréstimos, que vão passar a ser realizados em condições “mais vantajosas”. Em entrevista à agência Lusa, o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro angolano, falou do novo empréstimo de 231 milhões de euros para financiar projetos de banda larga, considerando que os dois países estão numa nova fase.
“Este empréstimo com a China, podemos dizer que é o inaugurar de uma avenida que nós pensamos que pode ser de sucesso, tanto para a China como para Angola”, disse Ottoniel dos Santos, salientando que se trata de um crédito concessional.
O secretário de Estado disse que “as condições de um crédito com esta tipologia são extremamente vantajosas” para Angola, sendo a primeira vez que a China vai fazer com o país africano um crédito nestas condições “que preveem prazos até 20 anos e taxas de juro abaixo das praticadas no mercado”.
O governante não revelou, no entanto, o juro que será aplicado e que será ainda alvo de negociação. “É um crédito que não está associado à produção de petróleo, não tem o petróleo como colateral, vamos virar de facto uma página para que possamos ter nas relações Angola-China mecanismos que estejam do ponto de vista financeiro, alinhados com a estratégia dos dois países”, acrescentou.
Ottoniel dos Santos abordou ainda o tema da dívida verde, “um caminho novo” que Angola quer trilhar. “Queremos focar-nos no bem-estar das pessoas. Estas dívidas que estão associadas aos compromissos de sustentabilidade e governança ajudam-nos a definir estratégias para captar financiamento para projetos associados a esta tipologia de despesa. Queremos terminar todo o trabalho preliminar, para findo este processo começar a fazer as emissões”, indicou, sem se comprometer com prazos.
Ottoniel dos Santos sublinhou a necessidade de continuar a fazer uma “gestão criteriosa” da dívida face às incertezas do mercado. O ideal será fazer uma gestão tão criteriosa como possível, para não ser necessário recorrer ao mercado em condições tão agrestes”, afirmou.
Para financiar o Orçamento Geral do Estado (OGE) “e todos os projetos importantes que o Estado angolano tem”, Angola está a falar com todos os seus parceiros, incluindo a China, para “poderem apoiar os esforços de diversificação da economia e a construção e implementação de projetos que estão associados à estratégia de crescimento da economia”.
LUSA