“Em 20 anos, a multiplicação do PIB seria por 4,4”, indica o Relatório Económico de Angola 2021 do CEIC.
É possível duplicar o Produto Interno Bruto (PIB) do país nos próximos 20 anos, conclui o “Relatório Económico de Angola 2021”, do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN), mas “não aos bochechos do petróleo e dos seus preços”, alerta o documento.
Para a duplicação do PIB em 20 anos, de acordo com o Relatório Económico de Angola 2021, é necessário que o país cresça economicamente de uma forma consistente e convirja com os países emergentes de África.
Segundo o relatório, os níveis do PIB por habitante em Angola – aproximação grosseira à renda média e ao nível de vida, estão distantes dos da Namíbia (USD 5842), África do Sul (USD 6100), Botswana (USD 7859), Maurícias (USD 11360), Líbia (USD 5091), Argélia (USD 3980), Egipto (USD 3046) e Gabão (USD 8112).
Angola registou um valor de USD 2021 em 2020, fruto de uma recessão económica sem precedentes (em 2012 o valor foi de USD 5245), refere o documento citando o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Considerando-se o PIB por habitante de 2020 em USD 2021, é absolutamente possível duplicar o seu valor em 20 anos. A impossibilidade revela-se com um objectivo de se alcançar uma cifra de USD 10000 em 20 anos”, enfatiza o relatório.
Este relatório e o de “Energia em Angola 2020-2021” serão apresentados hoje, 7 de junho, no Auditório do Edifício da UCAN “Michael Lemony Kennedy”, no Largo das Escolas. Para o lançamento dos dois relatórios, o Centro de Estudos e Investigação Científica da UCAN realiza esta conferência que aborda as “Fontes Renováveis na Transição Energética em Angola” e os “Vinte Anos do Sector Financeiro em Angola”.
Olhando para a história económica de Angola, o documento indica que no pós-guerra civil e nos tempos mais próximos, verifica-se que apenas ocorreu um período de sete anos durante o qual o PIB nominal cresceu substancialmente, 2002-2008. Fazendo fé nas estatísticas das Contas Nacionais do INE, a taxa média anual de crescimento do PIB entre 2002 e 2008 (início da grande crise económica e financeira mundial, com repercussões em todo o mundo) foi de 11,15%, que teria sido suficiente para duplicar o rendimento médio por habitante em dez anos. Em 20 anos, a multiplicação seria por 4,4.
No entanto, a taxa média de variação real do valor agregado nacional entre 2014 e 2020 foi negativa e próxima de 1% ao ano, uma substancial degradação do valor nominal do Produto Interno Bruto, que passou de USD 145,7 mil milhões (2014), para USD 62,7 mil milhões (2020).
ANGOLA, PARA ATINGIR UM PADRÃO DE RENDIMENTO COMPATÍVEL COM UM NÍVEL MÉDIO DE VIDA EM 20 ANOS, TEM DE DEIXAR DE SER UM EXEMPLO DE “CRONY CAPITALISM”, UM PAÍS DE “AMIGOS”, FAMÍLIAS AMIGAS E GAJOS PORREIROS”, ADIANTA O RELATÓRIO.
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