Hage Geingob, o Presidente da Namíbia, que ao longo dos seus dois mandatos fez furor na imprensa mundial por iniciativas como a rejeição de suites de luxo em Nova Iorque em visitas de trabalho.

E para dar o exemplo, voltou agora à carga com a demonstração de uma “profunda insatisfação e desapontamento” com a resiliência dos ricos do seu país em partilharem parte das suas imensas fortunas com os mais pobres.

A partilha de parte das fortunas dos ricos com os mais pobres da Namíbia proposta por Hage Geingob não passa por entregar dinheiro aos pobres pelos mais ricos, passa sim por contribuírem para iniciativas estatais como o programa de criação de uma rede impulsionadora de justiça económica, denominada Neef (sigla em inglês para New Equitable Economic Empowerment Framework.

Geingob aproveitou a visita do seu homólogo tanzaniano John Pombe Magufuli a Windhoek para, nas declarações de ocasião, lembrar que o seu Governo está a fazer o que é correcto com iniciativas que visam, “de forma simpática e amigável”, proporcionar terras para cultivo aos mais pobres, “mas as pessoas (os ricos) não mostram estarem disponíveis para partilhar”, lamentou, citado pelo The Namibian.

“As pessoas não querem partilhar hoje, de forma simpática e amigável, as suas grandes propriedades e outros recursos com os que nada têm, mas se não querem fazê-lo hoje, têm de saber que amanhã haverá problemas”, advertiu.

E o próprio já deu vários exemplos do que defende com o seu comportamento, como quando recusou uma suite de luxo em Nova Iorque, alegando que o país não é rico para tais luxos, ou ainda quando deu ordens de cancelamento de deslocações de ministros ao estrangeiro se não forem “absolutamente essenciais” de forma a poupar dinheiro do cofre
do Estado.

O Presidente namibiano, aproveitando ainda a presença do seu homólogo John Magufuli, disse estar impressionado com as políticas tanzanianas de distribuição dos recursos naturais, notando que a Namíbia pode e deve aprender com aquele país.

Hage Geingob referia-se à legislação aprovada em 2017 que permite ao Estado renegociar ou mesmo dar por extintos contratos que se revelem, de acordo com a lei, promotores da iniquidade e irrazoáveis, garantindo ainda que o Parlamento tem uma palavra essencial na
aprovação de novos contratos para exploração de recursos naturais, incluindo minerais, garantindo assim que os interesses do povo tanzaniano são defendidos.

NJ