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Sector petrolífero vale 97% do valor total da queda das exportações no I semestre

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O sector petrolífero vale 97% do valor total da queda de 9.629,0 milhões USD das exportações no I semestre. Também a exportação de diamantes encolheu 302,5 milhões USD. Queda das receitas fiscais com a exportação de petróleo arrasou as contas públicas e já se receia um défice gigante até ao fim do ano.

As exportações de mercadorias angolanas afundaram 36% no I semestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, ao passar de 26.550,7 milhões USD para 16.921,7 milhões, equivalente a menos 9.629,0 milhões. E a culpa é do suspeito do costume, o petróleo bruto, cujas vendas para o exterior caíram 7.818,6 milhões USD devido à queda da produção no País que resultou de várias paragens para manutenção dos equipamentos nos grandes blocos. Também as receitas brutas com a exportação de gás e diamantes diminuíram.

De acordo com cálculos do Banco Nacional de Angola (BNA), apesar de terem sido exportados menos 19,8 milhões de barris de petróleo bruto do que no I semestre de 2022, ainda assim as exportações do sector petrolífero (petróleo bruto, derivados e gás) representaram 94% das vendas angolanas lá para fora.

Além da queda da produção, já que no País foram produzidos 193,8 milhões de barris no I semestre deste ano, equivalente a menos 17 milhões face ao período homólogo, também o preço encolheu, passando de um preço médio de exportação a rondar os 108 USD para 78 USD, ainda assim, acima dos 75 USD que serviram para a construção do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2023.

As exportações do sector petrolífero caíram assim 37% entre Janeiro e Junho deste ano. Só em petróleo bruto foram menos 7.818,6 milhões USD, de gás, cujo preço médio caiu para metade, foram menos 1.344,2 milhões, e exportaram-se menos 181 milhões USD em refinados. Contas feitas, o sector petrolífero vale 97% do valor total da queda de 9.629,0 milhões USD das exportações no I semestre. Também a exportação de diamantes encolheu 302,5 milhões USD. Quanto aos sectores da chamada diversificação económica, as exportações foram quase residuais, à volta dos 220 milhões USD.

Aquele que é o maior parceiro comercial de Angola desde 2007, a China, é parte responsável na queda das exportações, já que comprou o equivalente a menos 4.855,8 milhões USD face ao que fez no I semestre de 2022. Contas feitas, as exportações de petróleo bruto para a China passaram de 12.823,3 milhões para 7.967,4 milhões.

O factor que influenciou foi, não só a queda do preço, mas o facto de o gigante asiático estar hoje a comprar mais petróleo à Rússia que, desta forma, consegue superar parte das sanções internacionais em retaliação à invasão à Ucrânia. No I semestre deste ano, a China bateu o seu recorde de compras de petróleo à Rússia, importando, em média, 11,4 milhões de barris diários ao país de Putin. Também a Índia, outro cliente da Rússia, gastou menos 47% em compras de petróleo angolano.

Para se ter uma ideia do peso do sector petrolífero no País, segundo cálculos do Expansão com base nos relatórios de Estatísticas Externas do Banco Nacional de Angola (BNA), desde 2000 as exportações angolanas renderam 859.636,0 milhões USD, sendo que 828.843,9 milhões USD foram vendas de petróleo, o que representa 96% do total. Este é um claro indicador de que tem sido um longo caminho de desilusão o processo de diversificação económica do País.

Importações caíram 5%

Como a diversificação económica, especialmente no sector primário, tarda em sair do papel, Angola mantém-se no caminho de País predominantemente importador dos bens que a população consome. Ainda assim, e face às dificuldades impostas pela desvalorização cambial verificada no I semestre, as importações caíram 5%, passando de 8.214,8 milhões USD para 7.780,4, equivalente a menos 434,3 milhões. As importações caíram assim depois de em 2022 terem disparado, o que em ano eleitoral acabou por contribuir para baixar os preços dos bens de consumo. A apreciação artificial do Kwanza face às moedas estrangeiras fez com que se aumentasse a disponibilização de bens de consumo no mercado, o que acabou por fazer baixar os preços. Mas como não há “bela sem senão”, estamos todos hoje a pagar a factura, já que como o Ministério das Finanças ficou sem dinheiro (teve de pagar dívida à China e ao G20 num período de queda abrupta das receitas fiscais) acabou por se retirar do mercado cambial no I semestre, o que fez afundar o valor do Kwanza, atirando-o para o seu ponto de equilíbrio, ultrapassando a barreira dos 800 Kz por dólar.

Expansão

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