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Sonangol pagou pela Gemcorp a 1ª tranche da Refinaria de Cabinda

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Para travar os adiamentos sucessivos no arranque da refinaria de Cabinda, a Sonangol confirma que teve que fazer um aporte financeiro que devia ser feito pela Gemcorp.

A Petrolífera escusa-se na confidencialidade para não revelar valores nem como será ressarcida desse valor por parte deste organismo que não tem experiência a gerir refinarias. Especialistas falam em 50 milhões USD.

O PCA da Sonangol, Gaspar Martins, admitiu na semana passada que a petrolífera estatal teve de se chegar à frente e avançar com o pagamento ao construtor norte- -americano dos primeiros módulos da futura Refinaria de Cabinda, substituindo-se à Gemcorp, a quem caberia fazer esse pagamento.

Esta informação foi agora avançada durante a conferência de Imprensa da Sonangol para apresentação dos resultados provisórios do exercício de 2022, sem que tenha sido avançada mais informação sobre os moldes do acordo. Ainda durante esta iniciativa, a administradora da Sonangol com pelouro Jurídico e Compliance, Olga Sabalo, explicou que quaisquer que sejam os mecanismos de recuperação do investimento da Sonangol, que apenas tem 10% do capital da refinaria conta os 90% da Gemcorp, vão ser aqueles que o mercado tem estado a praticar para este tipo de aportes financeiros.

Ainda assim, Olga Sabalo avançou duas formas de a Sonangol recuperar o valor de investimento: “por via de acções preferenciais, o que daria primazia à Sonangol de reaver o investimento por via de dividendos ou eventualmente até um aumento de capital”, disse.

Questionada sobre o valor que a petrolífera estatal teve de avançar em substituição da Gemcorp, a administradora da Sonangol disse que não pode adiantar mais detalhes, escudando-se em acordos de confidencialidade. Nós naturalmente para este processo temos uma componente confidencial que é crítica porque temos um acordo de accionistas. Como accionistas estamos vinculados a obrigações de confidencialidade e nesta perspectiva não podemos ir neste momento ao detalhe“, concluiu.

Esta entrada de dinheiro da Sonangol substituindo-se à Gemcorp acaba por dar razão às críticas que têm sido feitas a este projecto, já que não há um racional para a entrada da Gemcorp como parceira neste negócio, uma vez que este fundo de investimento com ligações à Rússia não tem experiência no sector das refinarias. Ao manter a Gemcorp no negócio após esta não conseguir cumprir com a sua obrigação faz aumentar as suspeições no seio do sector.

Entretanto, o PCA da Sonangol, Gaspar Martins, justificou que a petrolífera estatal teve de se chegar à frente para assegurar o arranque da primeira fase da refinaria. “Se nós tivermos em mente que o acesso aos financiamentos e a capacidade financeira de algumas empresas no ambiente que fomos vivendo trouxe algumas dificuldades no acesso ao financiamento isto justifica a razão pela qual nós [Sonangol] fizemos algum aporte, sim senhora, ao projecto [refinaria de Cabinda] com objectivo de levar o projeto até ao fim. Isto é o que nos interessa fazer”, disse o PCA da Sonangol.

Num artigo publicado a 13 de Maio de 2022, o Expansão avançava que na visita às instalações da Vfuels, em Houston, tiveram de ser os técnicos da Sonangol a discutir as características dos módulos com a Vfuels. O pouco empenho que a Gemcorp tem tido no projecto e a ausência de vocação para gestão de projectos industriais não tem sido bem visto pelos responsáveis da Sonangol.

Gaspar Martins esclareceu na semana passada que o País tem actualmente uma capacidade de refinação à volta de 65 mil barris e que o objectivo é atingir os 425 mil quando estiverem em funcionamento todas as refinarias, nomeadamente Luanda, Soyo, Cabinda e Lobito. Mas os projectos de refinarias continuam a encontrar dificuldades para sair do papel, por diversas razões, mas sobretudo por dificuldades em encontrar investidores com experiência e financiadores. Isto deve-se, em parte, pelo facto de ser-lhes difícil de explicar o racional de investimento em termos de rentabilidade, já que não há estudos que comprovem que em Angola se conseguirá ter um preço competitivo face ao praticado nos mercados lá fora.

O Banco Mundial e FMI têm demonstrado junto do Governo que não faz sentido este investimento em Angola, até porque se o objectivo é acabar com a subsidiação estatal ao consumo de combustíveis por angolanos, caso a produção seja cara no País, o Governo acabará por ser obrigado a subsidiar a produção de forma a conseguir exportar, acabando por depois estar a subsidiar o consumo de combustíveis na RDC ou na Zâmbia

Expansão

Editor
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O Site Correio Digital tem como fim a produção e recolha de conteúdos sobre Angola em grande medida e em parte sobre o mundo para veiculação. O projecto foi fundado em 2006.

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