Angola apresentou uma taxa de exclusão financeira de 53% em 2022, a maior da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) segundo o relatório de inquérito ao consumidor da FinScope.
O relatório foi apresentado pelos responsáveis da FinMark Trust (FMT) Abel Motsomi e Dara Castello, no ciclo anual de conferências do Banco Nacional de Angola (BNA), realizado nesta quinta-feira (29), em Luanda, que decorreu sob o tema “Inclusão Financeira em Angola – Desafios e Oportunidades”.
De acordo ainda com o estudo, os trabalhadores por conta própria; os que dependem da agricultura e biscates têm maiores probabilidades de serem financeiramente excluídos.
Quanto à taxa de inclusão financeira no país, o inquérito revela que é a mais baixa da região da SADC, apesar de possuir um nível de bancarização relativamente alto de 36%, em comparação com outros.
A principal vertente da inclusão financeira nos demais países da região da SADC vem de produtos formais, tais como os pagamentos móveis, microfinanciamentos ao passo que em Angola a contribuição destes é reduzida.
Os consumidores financeiramente incluídos tendem a combinar produtos e serviços para satisfazer as necessidades financeiras. O estudo aponta ainda que 12,9% combina mecanismos formais e informais para atender as necessidades financeiras, indicando assim que as necessidades não são plenamente satisfeitas pelo sector formal.
Ainda de acordo com o relatório 9,4% usam exclusivamente serviços bancários enquanto que 2,6% usam outros mecanismos formais, 7% da população depende unicamente de mecanismos informais (kixikilas) para poupanças, empréstimos e gestão de riscos.
A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, em declaração aos jornalistas, reconheceu que há muito trabalho a ser feito sobre a inclusão financeira.
“Relativamente as zonas urbanas estamos mal mas há sérios desafios nas zonas rurais e também se formos numa perspectiva de gênero junto das mulheres, temos aqui muito trabalho a ser endereçado não só pelo BNA mas por todas as instituições que participam e que têm papel no sistema financeiro”, disse.
De acordo com a titular da pasta das finanças, o governo terá um papel a fazer através dos seus programas para aumentar os níveis de inclusão financeira.
76% dos angolanos não poupa
O relatório de inquérito ao consumidor, indica que 76% dos angolanos não poupam. Entre os 24% que poupam há mais dependência em mecanismos informais, inclusive guardar dinheiro em casa do que as poupanças formais.
Entre os 76% dos indivíduos que não poupam nem investem, apontaram a insuficiência de rendimento disponível como a principal razão. Relativamente aos que poupam, investem em negócios próprios 16%, outros 2% em negócios de outra pessoa e 17% em mercado de capitais.
De acordo com o recém nomeado governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, o inquérito apresentado permite não só avaliar o impacto da implementação das boas práticas sobre o estado sócio económica actual do país como contribuir para o alcance do equilíbrio entre o incentivo, a inovação, preservação e estabilidade do ecossistema financeiro.
“É fundamental avaliar as perspectivas dos consumidores reflectida nos dados deste inquérito sobre a oferta e a procura de produtos e serviços financeiros no sentido de adoptarmos medidas com objectivo de atenuar o impacto adverso das suas expectativas sobre os resultados esperados”, disse.
Segundo o governador, este inquérito permite igualmente fazer uma avaliação sobre o alcance dos objectivos do desenvolvimento sustentável das nações unidas para 2030, bem como os nacionais de redução da pobreza maior equidade social e crescimento económico inclusivo.
E & M