A saída de Sérgio Santos do Governo, o timoneiro do PRODESI, era previsível e esperada já há umas semanas.
Depois de gastar milhões de kwanzas em propaganda, com espaços diários nas televisões, manchetes no jornal oficial e abertura de noticiários na rádio pública, briefings bi-semanais, pequenos almoços com jornalistas, actividade intensa nas redes sociais.
Uma mensagem repetida até à exaustão de que o PRODESI era um enorme sucesso, que o País estava a avançar e a crescer, no fundo, uma realidade virtual que um dia tinha que ser confrontada com a realidade.
E isso aconteceu no último Conselho de Ministros quando foi chamado a fazer o balanço do PDN e a divulgar os números do crescimento económico. Muitos, onde nos incluímos, já tinham dito e escrito que a política económica não estava a resultar, e pelos vistos, também o Chefe do Executivo percebeu isso esta semana.
- Em abono da verdade, também cabe perguntar:
- Quem define a política económica é mesmo o ministro em exercício?
- Qual é o papel do ministro de Estado para a Coordenação Económica?
- O Presidente tem uma influência directa nas decisões?
Não temos respostas objectivas, mas os factos dão conta que Manuel Nunes Júnior e João Lourenço já vão em quatro ministros da Economia em quatro anos.
E que infelizmente para o País, a economia vai afundando cada vez mais, a diversificação não acontece, estamos cada vez mais pobres e a solução parece cada vez mais longe.
E não vale a pena atirar toda a responsabilidade para o petróleo e para a Covid-19 porque isso é não querer perceber o que se está a passar.
Sérgio Santos terá cometido dois erros que acabaram por ser fatais – transformou a sua unidade de governação no “Ministério do PRODESI” quando a abrangência da sua actividade teria de ser muito maior, e evoluiu para uma postura de distanciamento, nalguns casos mesmo de arrogância, relativamente aos operadores de mercado e aos seus colegas de governação.
Centrou a luz em cima de si e acreditou que os consultores de marketing e propaganda é que o iam iluminar num trajecto que, na verdade, não existia nem estava a ser construído.
Nesta senda, também não me parece um bom exemplo para o restante Governo substituir o ministro pelo secretário de Estado, a não ser que exista uma razão de força maior como doença, impedimento, etc.
Parece-me que não ajuda à coesão das equipas ministeriais passar a ideia aos secretários de Estado que se os ministros falharem, eles podem ambicionar a esse lugar.
A responsabilidade é colectiva. E também não me parece eticamente bonito um secretário de Estado aceitar o lugar do ministro que o convidou para o Governo. Mas ética e política por vezes não andam de braço dado.
Por João Armando Expansão