A sessão foi suspensa no último dia de actividades do tribunal especial, que foi criado para julgar os envolvidos na Guerra da Bósnia (1992-1995) em Haia e será formalmente encerrado no mês que vem. Condenado a 20 anos de prisão em 2013, o réu havia apelado da pena, mas não obteve sucesso no recurso.
Segundo a rede BBC, após ouvir sua sentença, Praljak, de 72 anos, elevou a mão à boca e aparentemente engoliu um líquido, que estava dentro de um pequeno recipiente. Em seguida, teria gritado ao juíz:
— Eu acabei de tomar veneno. Não sou criminoso de guerra. Oponho-me a esta sentença.
O advogado de Praljak disse, então, que o réu havia se envenenado. Imediatamente, o juiz responsável ordenou que os procedimentos da corte fossem interrompidos. Uma ambulância teria sido chamada ao tribunal, durante momentos de confusão, segundo a rede britânica.
Pralkak foi condenado por ter perseguido, expulsado e assassinado muçulmanos durante a Guerra da Bósnia. Ele e outros cinco réus foram nesta quarta-feira ao tribunal para ouvir os vereditos das suas apelações.
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A Guerra da Bósnia foi uma guerra civil pela posse de territórios na região da Bósnia e Herzegovina entre três grupos étnicos e religiosos: os sérvios (cristãos ortodoxos), os croatas (católicos romanos) e os bósnios (muçulmanos).
Mais tarde, atingiu também a vizinha Croácia. Teve início em abril de 1992 e se estendeu até dezembro de 1995, com a assinatura do Acordo de Dayton.
O confronto começou quando os bósnios declararam a soberania da República da Bósnia-Herzegovina, até então presidida por Radovan Karadzic, de origem sérvia.
A minoria sérvia não aceitou a declaração de independência e apelou ao apoio de Belgrado, capital sérvia, então sob o comando de nacionalistas liderados pelo então presidente Slobodan Milosevic.
A declaração desatou uma guerra de três anos e meio entre muçulmanos, sérvios e croatas, que deixou cerca de 100 mil mortos e 2,2 milhões de refugiados. Belgrado não reconheceu a Bósnia até novembro de 1995.
Em 2017, o Tribunal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII), corte da ONU criada para processar as pessoas responsáveis por violações graves do direito internacional humanitário cometidas no território da ex-Iugoslávia, encerra suas atividades.
Até hoje, o tribunal já indiciou 161 pessoas originárias de Bósnia, Croácia, Sérvia Montenegro e Kosovo. Destas, 83 foram condenadas, dos quais mais de 60 eram sérvios.
GLOBO