A cena se repete todos os anos e, por incrível que pareça, sempre chama a atenção pela simplicidade.
Em meio aos imponentes carros e limusines que estacionam no Grand Palais, onde acontece a badalada semana de moda de Paris, um senhor calvo, elegantemente vestido com um terno bem cortado, desce da sua moto rápida Vespa e disputa os flashes com as celebridades, que desfilam do alto de seus saltos Louboutin.
É ali, no Olimpo da alta costura, no ápice do mundo fashion, que a criatura não se deixa confundir pela sua cria. Eis Christian Louboutin, 58 anos, conhecido como o mago dos sapatos, autor de objetos de desejo de dez entre dez celebridades femininas ao redor do globo.
“Elegância é um jeito de ser e a forma que a pessoa se conecta com as outras”, diz Louboutin à revista brasileira DINHEIRO.
Pois foi, assim, sem a mínima afectação, que ele fundou, a partir do zero, um império. A Christian Louboutin é uma empresa que factura cerca de US$ 1 bilião, vende por ano mais de 600 mil pares – que podem custar USD$ 1000 mil cada – e possui 131 lojas espalhadas por 32 países.
“Com apenas 25 de existência, a Christian Louboutin conseguiu alcançar o nível similar ao de grifes que já são centenárias”, afirma Carlos Ferreirinha, dono da MCF Consultoria, especializada em luxo.
Mais do que um homem de sucesso, Louboutin é responsável pela criação de um ícone da moda e seu caso serve de lição para outras marcas.
Os seus sapatos são identificados pela sola vermelha, uma marca registrada de sua grife. “Criei produtos para as mulheres se empoderarem”, diz ele.
“E quando elas veem o próprio corpo num sapato Louboutin, se sentem mais poderosas.”
Mas, afinal, qual é o segredo dele para calçar os pés de algumas das mulheres mais influentes do mundo como a actriz Sarah Jessica Parker, a apresentadora Oprah Winfrey, a cantora Madonna e a modelo britânica Kate Moss?
A penúltima secção foca no status dos “Louboutins” – como os sapatos do estilista são conhecidos.
Em 2009, a cantora Jennifer Lopez escreveu a música Louboutins em homenagem a eles, e celebridades mais jovens, incluindo a modelo Bella Hadid e a actriz Zendaya, se declaram fãs de carteirinha – o que evidencia o apelo da marca entre diferentes gerações.
A exposição termina com Louboutin revisitando sua parceira com o cineasta David Lynch, em 2007, que fez uma leitura do potencial fetichismo dos sapatos por meio de fotografias de calçados impossíveis de serem usados, como alguns saltos exageradamente altos.
Mas Louboutin é reticente em afirmar que suas coleções sejam de fato fetichistas.
“Compreendo que alguma pessoas os percebam dessa maneira”, admite.
“Mas as pessoas projetam suas próprias ideias no trabalho de um designer, e às vezes não é a mesma concepção do designer. Os espinhos metálicos nos meus sapatos não têm a ver com fetichismo, são uma referência ao estilo punk. “
Dito isto, ele parece colocar mais ênfase atualmente na sensualidade.
“Meus primeiros desenhos eram mais arrumados, enfeitados. Agora, tendo a optar pela simplicidade, por designs mais descobertos, que enfatizem o formato das pernas. Passei do bem vestido ao despido.”