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ENCHENTES NOS ATM´S – A oferta não acompanha a procura por desinteresse dos Bancos

Data:

O Banco Nacional de Angola (BNA) obriga os bancos a melhorar os serviços prestados aos seus clientes nos ATM´s  para evitar longas filas.

Os indicadores demonstram que o número de cartões activos aumentam mais de seis vezes (561,3%) desde 2010. Mas a quantidade de caixas automáticas disponíveis cresceu apenas 2,4 vezes (142%) no mesmo período.

          • Cartões Multicaixas cresceram 561,3%
          • Caixas Automáticas de Pagamentos ATM cresceram 142%

O número de operações efectuadas na rede multicaixa triplicou na última década, entre 2010 e 2020, segundo cálculos do Expansão.

O ritmo de implantação de novas caixas automáticas (ATM) não acompanha a procura de uma população cada vez mais bancarizada, mas as instituições bancárias estão mais viradas para outro tipo de apostas.

Em 2010, segundo o relatório” Estatístico do Sistema de Pagamentos”, publicado pelo Banco Nacional de Angola (BNA), o país dispunha de1289 ATM’S, o que dava uma média de 3.927 operações mensais por caixa automática, entre levantamento de dinheiro, pagamentos, transferências  operações não financeiras( consultas de saldo, IBAN, entre outras).

Dez anos depois, em 2020, existem 3.148 ATM ‘s em todo país o que dá uma média de 9.764 operações mensais por caixa automática.

Contas feitas no espaço de uma década, mostram que a operação mensal por cada uma das ATM’s cresceu 149%, ou seja, cada uma destas máquinas tem hoje mais de 5.868 operações mensais que as que tinham em 2010.

Nos primeiros 7 meses de 2021, entre Janeiro e Julho, a tendência parece manter-se: cada uma das 3.179 ATM concretizou em média 9.293 operações.

Os dados indicam que a procura dos serviços bancários aumentou bastante na última década, enquanto o surgimento de novas ATM cresceu em menor velocidade face a procura.

Para conter a crescente inflação e taxa de câmbio, num contexto de profunda recessão económica, o BNA tem adoptado como o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma politica monetária restritiva, que implica um controle mais apertado da quantidade de moeda em circulação, entre outras medidas com reflexos na liquidez das famílias, das empresas e da banca nacional.

No entanto, fontes do sistema bancário consultadas pelo Jornal Expansão, alegam que restrições monetárias e o seu impacto na economia angolana “ não são cientificamente provadas”.

 Kwanza desvalorizado, excesso de notas

Os utilizadores dos serviços automáticos habituaram-se a enfrentar longas filas, para fazer levantamentos monetários com os seus cartões de débito. Mas o cenário piorou durante o último ano, sobretudo nas cidades com maior densidade populacional.

No início de cada mês, altura em que os trabalhadores formais recebem os salários, a situação atinge contornos de martírio.” Enquanto não se introduz notas de maior valor facial, o problema crónico da falta de dinheiro nos ATM’s persistirá. Acredita fonte da EMIS.

A introdução da nota de 10 mil kwanzas chegou a estar programada para a série 2020 da nova família do kwanza, mas durante a apreciação oficial, José Massano, governador do BNA, explicou que a introdução havia sido adiada devido a alta inflação e à recessão económica.

Actualmente a célula de maior valor facial é a de 5 mil kzs (equivalente a 8 USD; que em 2010 valia cerca de 50 USD).

Por outro lado, as ATM’s têm um espaço limitado que normalmente não carrega mais do que 6 mil notas, distribuídas por quatro cacifos (dependendo da quantidade de notas de 2 e 5 mil kwanzas, o valor atingido em cada ATM pode atingir o equivalente de 30 mil USD).

O limite diário de levantamento já foi de cerca de 30 mil kwanzas na altura, que é o limite usual noutros países. No entanto, a forte desvalorização do Kwanza colocou o actual limite de 60 mil kwanzas a valer apenas 90 USD e cerca de 90 % dos levantamentos correspondem ao máximo permitido “ O que mostra que o limite é insuficiente.’

“Se levantar 100 euros na Europa, vai receber uma nota de 50, mais duas de 20 e uma de 10 (quatro notas). Em Angola, com uma combinação de 5 e 2 mil kwanzas são necessárias 25 notas, ou seja cinco vezes mais,” Explica fonte da EMIS.

Estas questões provocam maior desgaste, facto que origina avarias mais frequentes e mais caixas automáticos fora de serviço.

Quanto aos bancos que acabam por canalizar a maior parte da sua liquidez para outros produtos (títulos e operações cambiais), estão a apostar cada vez mais na troca de notas de maior valor pelas de 500 kzs quando enchem os depósitos das ATM’s.

Alternativas e novos serviços

A crise que afecta os serviços de banca automática, com prejuízo para os clientes individuais, também é uma consequência do perfil natural dos bancos angolanos: criados a sombra do sector petrolífero e do mercado cambial, alinharam-se no contexto da crise petrolífera e da recessão económica, à compra de títulos da dívida pública (que garantem taxas de juros mais atractivas).

Este posicionamento histórico, acoplado a falta de incentivos para os bancos instalarem novos ATM (porque as taxas cobradas não são atractivas e a maior parte dos serviços são gratuitos) e às distorções ao nível da regulação e da concorrência provocou também um atraso na introdução do dinheiro móvel e de outras soluções alternativas.

“Justificar os problemas na rede multicaixa com a baixa denominação do kwanza, ou com a política monetária é demasiado redutor. A solução para que o sistema de pagamentos preste melhores serviços está na introdução do dinheiro móvel e de outros mecanismos conhecidos”, defende uma fonte da banca. 

Foi também possível apurar que a EMIS está tecnicamente preparada para introduzir, de forma oficial, o levantamento de dinheiro em TPA – Algo que já sucede no mercado inferior, muitas vezes com a prática de taxas especulativas.

Para que esta alternativa seja uma realidade, o BNA precisa definir uma regulamentação específica, que segundo fontes do sistema financeiro, estará já a ser preparada.

Dados da EMIS obtidos pelo Expansão indicam que a rede multicaixa, registou durante o último mês de Agosto, um movimento total de 2,3 bilhões de kwanzas (3,6mil milhões USD).

Expansão

Editor
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