A preços de mercado em Angola, no mínimo terão sido gastos 4,5 mil milhões Kz. Mas foi uma decisão da Presidência e não dos conselheiros, que são agora os principais alvos da polémica. Quem fez o negócio, qual o preço exacto de cada viatura, são questões ainda sem reposta.
A escolha do modelo de viaturas que estão a ser entregues aos membros do Conselho Económico e Social (CES) foi uma opção política, apurou o Expansão junto de alguns membros do Conselho. Em termos práticos a questão da escolha de um carro de luxo, que a preços de mercado em Angola ronda os 100 milhões Kz, que dá para comprar dois apartamentos no Kilamba, foi da Presidência e não uma sugestão dos conselheiros.
Quem vai pagar a frota é a secretaria da Presidência da República, que no total tem destinado no OGE 2023 uma verba de 28,1 mil milhões Kz, sendo que 15,8 mil milhões Kz são para despesas de bens e serviços, 7,1 mil milhões Kz para despesas com o pessoal e o restante para outras despesas
A questão de ser atribuído um carro de serviço a cada conselheiro já tinha sido debatida internamente mas nunca se falou do modelo. “A questão das viaturas paira no ar há algum tempo, embora não de forma tão aberta. Mas não foi falado o tipo de viatura a atribuir. A questão é que os membros utilizam os seus meios para estarem nas actividades do Conselho”, disse um deles.
No entanto a questão parece não ser pacífica no seio do CES. Se para alguns é uma situação normal, que até dá alguma dignidade aos conselheiros, para outros não é bem assim. “Há mais de dois anos que trabalhamos sem qualquer regalia social. Não que esteja a reclamar. E se agora nos atribuem viaturas não entendo o porquê deste alarido todo”, disse um dos membros.
“Não sei se vou receber. Já tenho a minha guia e estou a reflectir. Mas não condeno quem já recebeu. É uma questão que deve ser bem analisada para não pôr em causa o trabalho que temos feito. Independentemente do que penso, quero deixar claro que nenhum meu colega é responsável por esta situação”, considerou um outro integrante do CES.
Para já, as viaturas estão a ser entregues como carros de função. Ou seja, ficam com o membro enquanto este pertencer ao Conselho Económico e Social, o que mantém a pressão sobre os conselheiros de poderem a qualquer momento perder esta regalia, o que seguramente não é a melhor forma de garantir que façam um trabalho com isenção e de acordo com as suas próprias ideias.
Expansão