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Hidrogénio verde: Namíbia assina acordo de 10 mil milhões USD

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A Hyphen, joint venture que vai implementar o projecto, assinou memorandos de entendimento com clientes europeus, aos quais pretende fornecer cerca de 750.000 toneladas de amoníaco verde por ano. Projecto tem capacidade para produzir 2 milhões de toneladas/ano, parte das quais destinadas ao mercado regional.

O governo da Namíbia tem seis meses para decidir se quer ficar com até 24% de participação no maior projecto de hidrogénio verde da África Austral, com capacidade para produzir 2 milhões de toneladas de amoníaco verde por ano, destinados aos mercados regional e europeu, depois de, no final de Maio, ter assinado com a Hyphen Hydrogen Energy o acordo de viabilidade, implementação e operação, por um período de 40 anos.

O projecto de 10 mil milhões USD, a construir no Parque Nacional Tsau/Khaeb, transformará a Namíbia num dos principais centros de produção de hidrogénio verde do mundo, como destacou Marco Raffinetti, director Executivo da Hyphen, empresa de desenvolvimento de hidrogénio verde registada na Namíbia. A empresa, constituída para desenvolver projectos de hidrogénio verde no país para abastecimento internacional, regional e nacional, resulta de uma joint venture entre a Nicholas Holdings Limited, sediada no Reino Unido, e a empresa alemã Enertrag SE.

Na fase de construção, o projecto prevê a criação de 15 mil novas oportunidades de emprego e mais 3 mil postos de trabalho permanentes, na fase operacional, 90% dos quais preenchidos por trabalhadores nacionais, como refere a Hyphen, que tem como objectivo a aquisição local de 30% dos bens, serviços e materiais, durante a fase de construção e exploração, conforme estabelece o memorando de entendimento.

Segundo o acordo, a Hyphen fica responsável pela execução técnica, financeira, ambiental, social e comercial do projecto, que estabelece uma referência e um quadro global para o desenvolvimento de projectos de hidrogénio verde sustentável em grande escala, como frisou Marco Raffinetti, durante a assinatura do documento, que decorreu no palácio presidencial, em Windhoek, no dia 26 de Maio, três dias depois da sua aprovação em Conselho de Ministros. Ao governo da Namíbia cabe ceder o terreno e assegurar o ambiente legal, fiscal e regulamentar necessário para o estabelecimento e funcionamento sustentável da indústria de hidrogénio verde da Namíbia.

Depois de seleccionada como candidato preferencial, em 2021, a Hyphen assinou memorandos de entendimento com uma série de potenciais clientes europeus, aos quais pretende fornecer cerca de 750.000 toneladas de amoníaco verde por ano, referiu um porta-voz da empresa à Reuters. No início de Junho, a empresa assinou uma carta de intenções com a Koole Terminals para a importação de amoníaco verde para a Europa, a partir do porto de Roterdão, nos Países Baixos.

Projecto em cinco fases

O projecto, de acordo com o acordo de entendimento disponível online no site de Hyphen, desenvolve-se em 5 fases. Na primeira, com uma duração de seis meses, o governo tem a opção de adquirir uma participação de até 24% do projecto. A segunda fase, prolonga-se por um período de dois anos, durante o qual a Hyphen terá de proceder à avaliação da viabilidade do projecto. Na terceira, o Governo da Namíbia dispõe de 120 dias após a apresentação do relatório de viabilidade pela Hyphen para analisar e validar (se for caso disso) a concepção final do projecto. Na quarta fase, de financiamento e construção, a Hyphen terá de obter financiamento e construir o projecto e, na quinta fase, será responsável pela operação e manutenção e pelo seu eventual desmantelamento no final do prazo de concessão.

Antes da assinatura do acordo, o Presidente da Namíbia, Hage Geingob, exortou os namibianos a apoiarem a implementação do projecto, temendo que a resistência da população comprometa o empreendimento.

“Aprendemos uma lição com a região de Kunene, onde estávamos a tentar construir a barragem de Epupa. Teria mudado a face daquela zona pobre. Mas, devido à interferência da população local, o projecto morreu. Por conseguinte, a região continua a ser pobre. Devemos dar as mãos para trabalhar em conjunto, porque o projecto não é para nós, é para as pessoas”, afirmou o Presidente namibiano, na cerimónia de assinatura do acordo, após activistas comunitários levantarem preocupações sobre a falta de transparência em relação ao processo de selecção da empresa vencedora.

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