A China continua a ser o principal destino das exportações de petróleo angolano, ainda que no III trimestre deste ano se verifique um abrandamento nas vendas ao gigante asiático, já que os chineses não fecham os olhos aos “saldos” feitos pela Rússia para combater as sanções à guerra na Ucrânia.
A venda de petróleo a países europeus disparou 665% nos primeiros nove meses deste ano face ao mesmo período de 2021, ao passar de 884,9 milhões USD para 6 767,4 milhões, um crescimento que reflecte a maior procura de países daquele continente por alternativas ao petróleo russo, na sequência das sanções contra a guerra na Ucrânia, de acordo com cálculos do Expansão com base nas Estatísticas Externas do BNA.
No seu todo, as receitas brutas com a exportação de petróleo cresceram no período em referência, passando de 20 048,8 milhões USD entre Janeiro e Setembro do ano passado para 32 130,4 milhões, com Angola a aproveitar a “boleia” da alta de preços do barril de crude nos mercados internacionais. Só nos primeiros nove meses deste ano, as receitas brutas com a exportação de petróleo já superaram os 27 859,9 milhões USD registados em todo o ano de 2021.
Aliás, só entre Janeiro e Setembro de 2022 o petróleo já rendeu mais em receitas brutas do que em todo o ano de 2021, 2020 e 2019. Só em 2018 as receitas brutas foram superiores mas, ainda assim, este ano serão ultrapassadas, quando for contabilizado o IV trimestre.
De acordo com as Estatísticas Externas do Banco Nacional de Angola (BNA), nos três trimestres deste ano o preço médio de exportação do barril de petróleo esteve sempre acima dos 100 USD, enquanto no mesmo período de 2021 variou entre os 61,7 USD (no I trim. de 2021) e 73,4 USD (no III trim. de 2021). Além da subida dos preços, Angola também exportou mais barris de petróleo, um sinal de que está a conseguir inverter ainda que ligeiramente o processo de declínio da sua produção.
Nos primeiros três meses deste ano foram exportados 302,4 milhões de barris, mais 2,4% face aos 295,3 milhões vendidos lá para fora entre Janeiro e Setembro de 2021. A China continua a ser o principal destino das exportações de petróleo angolano, ainda que o III trimestre deste ano se verifique um abrandamento nas vendas aos gigante asiáticos que tem apostado na compra de petróleo barato que é hoje vendido pela Rússia como forma de se financiar e de conseguir mercado para colocar o seu “ouro negro”.
Apesar de estarem sempre de olhos postos nas “bagatelas”, os chineses ficaram com 54,2% de todo o petróleo exportado por Angola entre Janeiro e Setembro, o que contrasta com os 70% verificados nos primeiros três trimestres de 2021. Essa perda de “quota” daquele que é o maior credor de Angola e cuja dívida está garantida por petróleo, deve-se à subida das exportações angolanas no seu todo.
Angola vendeu 14 158,3 milhões USD à China, no mesmo período deste ano vendeu 17 414 milhões, mais 23%. No espaço de um ano, o ranking dos maiores clientes do petróleo angolano mudou com a entrada directa de três países europeus (França, Itália e Espanha), superando Tailândia, Singapura e Chile. As vendas à França dispararam 1 337%, à Itália subiram 259% e a Espanha cresceram 803%. Já fora desse ranking, destaque também para a subida de 740% no crude exportado para os Países Baixos, de 728% nas vendas para Portugal, mas também para o facto de ter voltado a vender petróleo à Inglaterra, o que já não acontecia desde 2017.
Expansão