A refinaria de ouro que está a ser construída no Pólo Industrial de Viana, as obras começaram em Setembro, vai ter uma capacidade de processamento de 25 Kg/dia, apesar do País produzir actualmente apenas 125 Kg/ano. Mas tem como objectivo quadruplicar esta produção até 2027, chegar aos 500 Kg dia, o que já ocuparia a unidade de processamento durante 20 dias

Ainda assim, percebe-se que está sobredimensionada para a nossa realidade, apesar de poder justificar-se que não vai trabalhar em pleno, que poderá ter outras actividades e que acrescenta valor à nossa produção. Mas é um quadro com poucos argumentos que justifiquem este investimento de 7 milhões, apesar do projecto contemplar a possibilidade de realizar análises laboratoriais de outros minerais para diversificar a carteira de negócios da empresa.

O projecto é da Endiama, empresa pública do sector, que terá 83% do capital da infraestrutura, de acordo com o que Expansão apurou, embora não tenham sido divulgados quem são os restantes sócios.

Apesar dos baixos níveis de produção de ouro em Angola, para já, o ministério dos Petróleos e Recursos Minerais descarta o recurso à importação de ouro bruto de países vizinhos como a RD Congo, Zâmbia ou Namíbia. A fonte reconhece que estes países já têm uma indústria do ouro mais desenvolvida e o nosso País apenas está a iniciar os primeiros passos de uma actividade que foi suspensa desde 1975.

“Não creio que seja objectivo do Governo em processar ouro vindo de países vizinhos. Estamos a trabalhar para produzir 500 quilos de ouro por ano, até 2027”, disse a fonte, tendo lembrado que apesar de alguns constrangimentos encontrados em certas zonas de concessão mineira para a exploração de ouro, o número de licenças emitidas pela Agência Nacional de Recursos Minerais (ANRM), é um indicador positivo para se atingir este objectivo.

Angola produziu e exportou, no ano passado, 124,8 quilos de ouro bruto, num valor total de 5 milhões USD, indicam os dados do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (Mirempet), referentes ao balanço de actividades realizadas no ano passado. Este valor corresponde a 3.531,6 onças finas, unidade que é utilizada nos mercados internacionais.

As projecções da Agência Nacional de Recursos Minerais (ANRM) apontam uma produção anual de 500 quilos de ouro em 2027, mas estão longe de atingir esta meta. Os próximos cinco anos são cruciais para as ambições do Mirempet. “Vamos chegar lá, mas ainda temos um longo caminho”, disse recentemente o PCA da ANRM, Jacinto Rocha.

De acordo como o ministério, a implantação de uma refinaria para purificar metais preciosos, neste caso, o ouro, não terá de ser, necessariamente, junto das minas, mas sim, junto de zonas de maior fluxos populacionais e de turistas como aeroportos internacionais (pois, grande parte do ouro destina-se à exportação), mercados financeiros, bancos, bolsas e onde existe abundante oferta de mão-de-obra qualificada.

O ministério garante que a medida de construir a primeira refinaria de ouro de Angola nas actuais instalações da Geoangol, obedeceu a factores de carácter estratégico, económicos e financeiros desta empresa, que nos últimos anos tem aproveitado um nicho de mercado bastante apetecível como a análise de solos, hidrologia e contrastaria.

Expansão