“Quero sublinhar que o nosso país sempre deu e continuará a dar prioridade à cooperação com os Estados africanos”, frisou o Presidente Vladimir Putin, em Moscovo, no mesmo dia em que recebeu o Presidente da China, Xi Jinping, para tentar aprofundar os termos de um acordo que ponha fim à guerra na Ucrânia.
A Rússia planeia aumentar a cooperação com os países africanos nos domínios da energia, medicina e agricultura e pretende duplicar as quotas dos estudantes africanos, anunciou o Presidente Vladimir Putin, no dia em o Presidente chinês, Xi Jinping, iniciou uma visita de três dias ao país, nos esforços para mediar um acordo de paz, rejeitado pelos EUA enquanto não envolver directamente o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
A Rússia “deu prioridade” às relações com os países africanos, numa altura em que procura novos parceiros para enfrentar as sanções impostas pelo Ocidente após a guerra na Ucrânia, frisou Putin ao falar para os mais de 40 líderes parlamentares africanos que participaram na conferência parlamentar “Rússia- -África no Mundo Multipolar”.
A conferência é um dos eventos preparatórios da segunda Cimeira Fórum Económico e Humanitário Rússia-África, a realizar em São Petersburgo, nos dias 27 e 28 de Julho, sob o tema “Em prol da paz, segurança e desenvolvimento”.
Quatro anos depois da primeira cimeira Rússia-África, realizada em Sochi, com a presença de 54 países africanos, 43 representados ao mais alto nível pelos seus Chefes de Estado, o mundo mudou drasticamente. E as peças no tabuleiro onde se joga a influência geopolítica e económica mundial movimentam-se a uma velocidade tão rápida e inesperada, que apanhou a inteligência norte- -americana de surpresa, pelo papel que a China assumiu.
Esforços de paz emperram
A visita de três dias do Presidente chinês, Xi Jinping, à Rússia, durante a qual foi delineado o plano para o desenvolvimento das áreas de cooperação económica russo-chinesa até 2030, cimentou a posição do líder chinês como mediador de paz na nova ordem mundial, menos de duas semanas depois de o Irão e a Arábia Saudita assinarem, em Pequim, um acordo para restabelecerem as relações diplomáticas, cortadas em 2016.
“Acho uma óptima notícia a China ter ido para lá agora, é uma notícia muito boa, porque é preciso que o mundo inteiro pare e comece a falar em paz”, declarou o Presidente brasileiro, Lula da Silva, que viajou este domingo para a China, onde permanecerá até 31 de Março.
“A Rússia não é um país qualquer, não é insignificante. A Rússia é muito importante para garantir que a paz mundial prevaleça”, salientou Lula, que pretende juntar-se aos esforços de paz, porque “o mundo inteiro está directa ou indirectamente envolvido nesta guerra”.
A China apresentou em Fevereiro um plano para a paz, documento de 12 pontos que inclui o retomar do diálogo bilateral entre Moscovo e Kiev, um cessar- -fogo e o levantamento das sanções contra a Rússia. O plano foi rejeitado pela Ucrânia e pelos seus aliados ocidentais, por considerarem que significaria deixar as tropas russas em território soberano ucraniano.
A Casa Branca espera que, após o encontro com Putin, “Pequim mantenha as linhas de comunicação abertas com o Presidente Biden e que entre em contacto com o presidente ucraniano Zelensky”, declarou John Kirby, assessor de Comunicação Estratégica da Casa Branca e membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
“Washington e as capitais europeias, mas sobretudo Washington, estão desejosos de não permitir, sob qualquer pretexto, negociações de paz”, contestou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, esta quarta-feira.
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