O diagnóstico do ensino superior em Angola, que visa recolher contribuições das instituições académicas públicas e privadas para a melhoria da qualidade deste subsistema, foi apresentado em Benguela.
O diagnóstico do ensino universitário angolano insere-se no processo de elaboração do “Livro Branco” do ensino superior, uma iniciativa conjunta do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e do Banco Mundial, lançada em Janeiro deste ano, em Luanda.
Falando na sessão realizada na Reitoria da Universidade Katyavala Bwila, a consultora do Banco Mundial, Gorete Leitão, aponta que o documento, que já foi apresentado em Luanda, há duas semanas, foca-se em indicadores como acesso e equidade, qualidade e relevância, financiamento e governança.
Quanto ao acesso, o ensino superior representa apenas 9,8% dos estudantes no ensino secundário, um valor igual à taxa bruta de escolarização neste nível de ensino, a mais baixa depois de Moçambique.
Relativamente à qualidade e relevância, os dados disponíveis até 2019 revelam que existem no subsistema de ensino superior 11. 433 docentes, dos quais 6.084 licenciados, 4.096 mestres e 1.244 doutores.
No capítulo do financiamento e governança, o diagnóstico evidenciou uma redução substancial do financiamento ao subsistema ao longo dos 9 anos, sendo que nos últimos anos a prioridade recai para acções correntes, visando manter as instituições funcionais.
A consultora do Banco Mundial também ressaltou a necessidade de as instituições angolanas integrarem as redes internacionais de ensino superior, de investigação e inovação, de forma a tornar o país mais competitivo e garantir qualidade no ensino superior.
“Devemos seguir o (paradigma) que o mundo estabelece para podermos aparecer no mapa da qualidade”, salientou, justificando que este diagnóstico surge para perceber todas essas nuances e indicar caminhos para se poder melhorar, bastando para tal vontade política, disponibilidade de recursos financeiros e gestão transparente.
Defendido mais investimento
Intervindo por videoconferência a partir de Luanda, a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Bragança Sambo, destacou a importância deste diagnóstico, já que a pretensão é construir uma estratégia de longo prazo para o ensino superior e assim contribuir para que o Estado tenha um caminho melhor nesse sentido.
Quem também participou do debate via Zoom foi o secretário de Estado para Ensino Superior, Eugénio da Silva, que assumiu a relevância do encontro realizado em Benguela em torno da elaboração do Livro Branco do ensino superior.
Mas, o governante considera a qualidade do corpo docente e do financiamento das infra-estruturas como eixos fundamentais, acrescentando que quanto maior for a qualificação académica e a habilitação pedagógica do corpo docente melhor será a qualidade do ensino.
Eugénio da Silva defende mais investimento na melhoria das condições infra-estruturais e materiais, com as quais é possível assegurar o processo de ensino-aprendizagem, no sentido de garantir que o ambiente, as condições e as metodologias sejam as mais adequadas para a formação dos estudantes.
Recrutar e formar professores, e apetrechar laboratórios exige um investimento importante, como afirma o responsável, que admite que isso tem sido a principal causa do facto de não termos conseguido evoluir de maneira significativa nessa matéria.
“Não se pode alcançar qualidade e excelência sem um investimento financeiro sério na infra-estrutura”, avisa, sublinhando que é tempo de “avançar com medidas de políticas para que no curto e médio prazo o país possa ter instituições capazes de ombrear com outras congéneres da região e do resto do mundo em matéria de qualidade do ensino, da investigação e da gestão”.
Actualmente, Angola tem 85 instituições de ensino superior legalizadas, sendo 26 públicas e 57 privadas.
JA