O Presidente da República, João Lourenço, admitiu hoje aplicar, nos próximos dias, medidas propostas pelo Ministério das Finanças sobre a gestão do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), não descartando exonerar a administração.
Ao falar em entrevista colectiva aos jornalistas nacionais e estrangeiros, o Presidente explicou que foi contratada uma empresa idónea para realizar um diagnóstico às contas do Fundo Soberano.
Na sequência do trabalho desta empresa, o Ministério da Finanças apresentou uma proposta de medidas para recuperar o controlo mais efectivo dos dinheiros postos à disposição do Fundo.
Entretanto, João Lourenço sublinhou que a exoneração da actual administração do Fundo Soberano pode vir a acontecer.
“Em relação ao Fundo Soberano, eu não diria que vou exonerar, mas pode vir acontecer”, afirmou.
O Fundo Soberano de Angola foi criado em 2012, com uma dotação inicial de cinco biliões de dólares norte-americanos.
Em finais de 2017 a imprensa estrangeira denunciou eventuais irregularidades na gestão do Fundo Soberano de Angola. Os documentos foram revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
Na senda desses documentos, inseridos na Investigação “Paradise Papers”, o jornal suíço 24 Heures denunciou uma suposta participação de Jean-Claude Bastos de Morais, cidadãos suíço-angolano, na gestão do Fundo Soberano de Angola.
Àquele cidadão, segundo as denúncias, teriam sido atribuídos mais de 41 milhões de dólares.
Em resposta, a instituição angolana referiu, no seu site, que a carteira de investimento está “amplamente diversificada em termos de classes de activos, indústrias e geografias”.
Precisou que, seguindo a política de investimento decretada pelo Executivo, aplica mais de um terço da carteira de investimento em valores imobiliários, como títulos do tesouro, as obrigações de cotação elevada, as acções listadas em bolsa de valores, os derivados, as estratégias de cobertura financeira e divisas, para preservar capital.
O Fundo Soberano de Angola referiu ainda que os restantes dois terços da carteira de investimento estão dedicados à actividade de “private equity” nos mercados emergentes e de fronteira, para a geração de receitas elevadas a longo prazo.
Angop