O director-geral do Museu Regional do Dundo, Ilunga André, na província da Lunda-Norte, foi detido na sua residência, esta quarta-feira, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), por estar alegadamente envolvido no desaparecimento da máscara feminina, Mwana Pwo, uma das mais valiosas peças do acervo daquela instituição.
Neste quesito, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) na Lunda Norte, recuperou esta quinta-feira, as máscaras Mwana Pwo e a estatueta Samanhonga (Pensador), roubadas recentemente no Museu Regional do Dundo.
De acordo com o porta-voz do SIC na Lunda Norte, Graciano Lumanhi, foram igualmente recuperadas jóias preciosas, quatro lotes contendo 1.879 mil pedras de diamantes, que terão sido roubadas do Museu.
Fez saber que os meios recuperados serão devolvidos a título de fiel depositário no refeido museu mediante termos legais enquanto o processo-crime corre seus trâmites.
Informou que o director do museu, Ilunga André, mais dois funcionários continuam detidos, por estarem supostamente envolvidos no crime.
Realçou que os artefactos e os diamantes foram retirados da área de exposição, precisamente na sala de animação cultural e encontravam-se escondidos no gabinete do director, que se preparava para uma viagem com os meios na República do Cabo Verde.
Sublinhou que os cidadãos detidos já foram presentes ao Ministério Público que aplicou contra os mesmos a medida de segurança pessoal mais gravosa “prisão preventiva”.
A máscara Mwana Pwo é uma peça que consta de um conjunto de oito artefactos que tinham sido ilicitamente exportados para a Europa, na década de 1990, mas que foram recuperadas pela Fundação Sindika Dokolo, a partir do Reino da Bélgica, tendo sido devolvidas ao Museu Regional do Dundo, em 2019, através do Ministério da Cultura e Turismo.
O Museu
O museu, situado no “coração” da antiga cidade do Dundo e com mais de 100 anos de existência, ajuda a sociedade a identificar acontecimentos da história, que foram decisivos e essenciais para a construção do “Império” Lunda.
Para ajudar a preservar as memórias e ao mesmo tempo, explicá-las aos interessados, a instituição conta com um acervo repleto de artigos e colecções etnográficas, biológicas, arqueológicas, de arte sacra, popular e alguns objectos que se relacionam com a história da Revolução Industrial, como a exploração de diamantes.
As colecções etnográficas do Museu do Dundo constituem a principal componente do objecto social da instituição e resultam da primeira campanha de recolha de peças, designada por expedição de Camaxilo, feita no longínquo ano de 1937, e do Alto Zambeze, em 1939.
O Museu do Dundo possui nove mil peças etnográficas e prevê, para breve, a recolha de outras que se encontram em posse de pessoas ligadas à arte e detentoras de colecções.
Entre os artigos culturais expostos, sobressaem a estatueta do Samanhonga (Pensador) que se tornou num símbolo nacional, as máscaras Mwana Phowo (retrata a beleza feminina), Mukishi wa Mwanangana (palhaço do rei) – que corresponde ao sacrifício sagrado e representa os antepassados do chefe tribal, bem como os instrumentos musicais: Ngoma (batuque ou tambor) e puita.
o artefacto desapareceu há quatro dias, depois do falecimento de um funcionário daquela instituição, que era o responsável pelas chaves da área onde se encontrava guardado o material e onde também fica o cofre onde ficam depositados diamantes destinados para uma exposição especial.
JA